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terça-feira, 3 de agosto de 2010

CATOLÉ
















Autor: João Ludugero

O vento balança o coqueiro
cai coco do pé
eu trepo na palmeira, sem peias
voo nas alturas
pela Várzea a fora
derrubo o coco
nisso vejo a poesia que perdura
que trago curtida no coco
pra disparecer o quengo
no arrebentar das ideias

Dispôs, depois não reclama
pois a vida é dura
muito mais que o coco,
na quebrada das horas
no calejo das mãos
na subida do coqueiro
na peleja da lida

Ainda assim,
permaneço atento,
não bato o catolé
não arredo da laia
arrodeio da lama,
feito caranguejo
de frente à quenga da vida

De sobra, ralo o coco,
misturo no mel de cana, de engenho
oh, menino, passa cá a quenga de coco,
vou fazer uma cocada
pondo açúcar e limão.
Se quero cocada preta,
ponho no fogo um tempão

Se preferir, pode ser
com rapadura batida

que no fogo essa mistura
vira logo um quebra-queixo,
puxa-puxa esse moleque
que a vida tem razão,
se a menina nos convida
a saber se o coco é oco.
deixe de lado o dengo.

Mas como sabê-lo, sem prova
se não esquentar o quengo?

2 comentários:

  1. Adorei seu Blog. Cheio de poemas interessantes, que vale a pena gastar um tempo para ler e sentir.
    Como deve ser, sua poesia não é aquela poesia parnasiana, emoldurada na melosidade dos versos. Não apenas um fato estético. Porque poesia é também um fato ético.Gostei das construções simples e que falam muito, sem clichês.
    Você constrói para o nada e o nada é tudo. Pode parecer que poesia não tem utilidade prática, imediata, certo. Mas deve servir para alguma coisa, ou servir para alguém, mesmo que esse alguém seja o próprio poeta. Senão, por que escrevê-la? Por que publicá-la?
    Fortíssimo abraço,
    Janaína Gonçalves Petraglia de Souza
    Estudante de Comunicação e Jornalismo - Brasília.

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  2. Linda e bela poesia. Na medida certa,o plantio dos sonhos na sua “Várzea” dos cocos catolés.Muito boa sua criação, árdua, mas eficiente. Os frutos da colheita são estes poemas primorosos, de altíssima qualidade. O segredo: o talento e a paixão pela coisas simples da terra, da natureza aos mais simplórios atos e serviços da vida simples de uma gente, de um lugar através da palavra. Sua poesia tem essência! Abraços,
    Marina Gonçalves de Assumpção
    Asa Norte - BSB.

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